Ao fundo de “Alegria
Alegria” (Caetano Veloso) as pessoas vão se acomodando.
1ª parte: O que está acontecendo? - Constatando as polarizações
Vamos tomar 3 exemplos de
polarizações recentes que dividiram opiniões:
a) o impeachment da presidente Dilma;
b) a discussão sobre o Escola sem partido;
c) a rixa com a arte na exposição do queermuseu, em Porto Alegre e no MAM, em SP.
2ª parte: Qual a origem dessas polarizações?
- A pobreza no
Brasil e os
índices educacionais cuja melhora é lenta e pouco expressiva. (entra a frase: “baixos índices escolares”)
À procura de nossa identidade,
algumas referências: a) Macunaíma e a dificuldade de construirmos
nossa própria cultura, o que nos leva a copiar de fora e a compor uma ideia
sempre fantasiosa sobre nós mesmos (entra
a frase: “Ai que preguiça”); b) Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (entra a frase: “O brasileiro é cordial”);
Gilberto
Freyre e o mito da democracia racial.
Embora estejam inflamando nos últimos
anos, as polarizações que vemos são fruto de questões
antigas mal resolvidas no Brasil. Ajuda a compor o caldo a diferença entre a leitura do país que temos para o país
que queremos, ou seja, embates entre visões mais reacionárias e
mais progressistas sobre nossa democracia e as dúvidas sobre nossa própria
identidade. Adicione-se aí os problemas e diferenças
sociais, culturais e regionais de um país de dimensões continentais,
onde o desenvolvimento, em muitos lugares, nunca chegou. (entra a frase: “Que tipo de nação somos? Para onde vamos”)
Soltar a música Que país é esse.
3ª parte: O que alimenta as polarizações hoje? Como a coisa chegou
aonde chegou?
Entre o primeiro e o segundo mandato
de Dilma, houve um ponto de inflexão. A baixa popularidade da mandatária, os
índices da economia dando sinais negativos, o pouco tato de Dilma para
articulações políticas e os escândalos em torno da Petrobrás culminaram com o
processo de impeachment. Toda a sociedade se envolveu e opinava sobre o
assunto.
(entra a palavra:
IMPEACHMENT)
(Pedir aos alunos que comentem
episódios vistos e ouvidos em casa ou no trabalho)
Os debates em torno do impeachment,
além de mirar a figura de Dilma, trouxeram consigo uma miríade de
questionamentos em torno do legado do PT, há então 12 anos na presidência. Os pontos
que ganharam maior destaque foram a incompetência do partido e a pecha de
terem institucionalizado
a corrupção
no país. (entra a palavra: CORRUPÇÃO)
Com o avanço da operação Lava Jato,
políticos e empresários graúdos foram presos, num momento único em que o país
começou a ver colarinhos-brancos indo pra cadeia. (entra a expressão: OPERAÇÃO LAVA JATO). Uma espiral de embates se
sucedeu, na maioria das vezes oscilando entre duas frentes: uma anti-PT e outra
que reivindicava que o pacto democrático havia sido quebrado no Brasil. A
operação Lava Jato mostrou que os partidos de maior representatividade no país
estão envolvidos em corrupção. (entra a
expressão: CRISE DOS PARTIDOS POLÍTICOS).
Estava pronto o caldo
que alimentou as polarizações, os embates e mesmo o ódio entre diferentes
grupos. MBL, Vem pra Rua, Escola sem partido, panelaços, ocupações estudantis,
as “10 medidas contra a corrupção”, o avanço do fenômeno Bolsonaro,
especulações sobre a prisão de Lula, as reformas do governo Temer, e a queda de
braço entre os Poderes. Já entre os grandes eventos da Copa (2014) e das
olimpíadas (2016), o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, entra numa crise
profunda. (entra a expressão: OS ESTADOS
BRASILEIROS QUEBRADOS FINANCEIRAMENTE).
(Quiz: Por que o Rio de Janeiro é o símbolo do Brasil
neste momento?)
soltar Brasil (Gal Costa)
4ª parte: o presente: brasileiros divididos.
Vamos relembrar o episódio do jantar do
prof. Karnal com o juiz Sérgio Moro. O que a foto divulgada pelo professor causou? O que representa aquele
episódio? Foi um exemplo de divisão entre pessoas que se identificam com
figuras públicas e com visões ideológicas, seja de direita, seja de esquerda. (entram as duas palavras: ESQUERDA X
DIREITA)
Sabe-se que na cultura, no mundo
acadêmico e no cinema, o PT sempre teve grande penetração. Por isso não demorou
aparecer a associação entre arte e o pensamento de esquerda. A
desconfiança ou mesmo o nojo que algumas pessoas têm por um foi rapidamente
transferido para o outro. Isso explica a cruzada contra a arte e a
própria campanha do Escola sem partido. A polarização esquerda x direita
radicalizou-se. Argumentos perdem espaço para conclusões apressadas e
incoerentes. Pior que isso, um perigoso ódio pela política dá sinais de
vida. (entra a frase: ódio pela política)
Entre a incerteza e a desilusão. O sonho da grande potência
(ventilado nos governos Lula) agora parece vencido pela incompetência política
e pela corrupção. Nossos fantasmas reaparecem: o país onde a educação
não vai pra frente, onde o desenvolvimento não chega, onde o atraso cultural
potencializa a intolerância, vê de novo as pessoas simpatizarem com o
autoritarismo. É como se não fôssemos aptos para a democracia, como se a
borrachada fosse a nossa linguagem mais natural, nossa sina. (entra a palavra: autoritarismo)
Uma das bases da política moderna, que já completou 500 anos, preconiza ver o
conflito não como empecilho mas como parte integrante do processo. Em vez de
uma paz silenciosa, autoritária, forçada pelo medo ou pela hierarquia, é muito
melhor para nós aprendermos conviver com a diferença de ideias e a partir delas
criar novas alternativas, novos rumos para a sociedade. Embora o equilíbrio seja
tenso, o que torna a democracia vibrante é precisamente o confronto de ideias e
a busca pelo consenso. (entra a frase em
vermelho: O embate de ideias é saudável)
O confronto nós estamos presenciando. Com a popularização da internet, sobretudo,
cada pessoa sente que pode opinar, criticar, reivindicar. Porém, é preciso dar
um passo adiante e exercitarmos a capacidade de buscar consensos. É o
exercício completo da democracia que nos falta. A educação para o ouvir, para o
considerar a posição alheia. Portanto, não é o momento de recuarmos e desistirmos. (entra a frase em vermelho: educar para a
democracia)
O momento em que estamos é delicado. Nosso
passado de autoritarismos e de projetos políticos frustrados nos servem como
uma advertência. Insistir na repetição de fórmulas que não deram certo não
trará o progresso que queremos nem a sociedade com a qual sonhamos. É preciso
encarar o desafio de dialogar para construir novos caminhos. (entra a frase em vermelho: vencer o
passado, reinventar o futuro)
Terminar com a música
Perfeição, de Renato Russo