domingo, 24 de setembro de 2017

Seminários sobre democracia

A democracia é frágil. Não basta que exista. Precisa ser continuamente construída. Demanda instituições sólidas, independentes, zelosas de seu dever. Depende, ainda, do engajamento popular e do voto responsável. Só alcança uma condição realmente vibrante se existe o debate público e quando não se evita o conflito, mas se compreende que é das diferenças que emerge o conteúdo das transformações significativas. Porém, vale repetir: a democracia é frágil. Porque muitos se utilizam das regras democráticas para tentar destruí-la. Porque a transparência e a ausência da mentira constituem enormes desafios. Porque a tentação da corrupção, o abuso de poder, o mau funcionamento das instituições e a ausência de controles e auditorias são como que desgastes naturais a que toda república parece estar sujeita. Talvez, também porque nossos traços autoritários insistem e reaparecer. O que dizer? É preciso vigilância. É preciso um exame crítico. É preciso disposição. Quando o cansaço em relação à política bate, talvez seja aí o momento em que mais precisamos cuidar de nossa frágil democracia.

Grupo 1) A ditadura no Brasil.
- Trazer reportagens e exemplos sobre perseguições políticas, censura, autoritarismo, relações sociais baseadas no medo.
- Explorar como a ditadura deixou um legado de despolitização, indiferença e passividade em relação à participação política.
- Em que pesem todos os registros históricos que comprovam os excessos da ditadura, por que ainda hoje ouvimos pessoas que a defendem? Quais os principais argumentos que tais pessoas utilizam? 
- Por que a celeuma em torno do recente pronunciamento do general Antonio Mourão? Tal pronunciamento é indício de alguma coisa?  
- Explorar a relação ambígua que o brasileiro tem com a autoridade, com as leis e com a hierarquia: ao mesmo tempo em que elas são defendidas e justificadas, são descumpridas e esculhambadas descaradamente. Coisa semelhante não acontece com a violência? Em todo lugar escutamos que a ela prejudica o avanço civilizatório, porém à menor oportunidade manifestações incivilizadas e traços autoritários começam a aparecer.
                     
Grupo 2) A dificuldade de se construir uma sociedade pluralista, em que haja solidariedade e reciprocidade.
- Como deve ser trabalhado o conflito numa sociedade democrática?
- Por que o que é público, ao invés de ser visto como de todos, é visto como ‘de ninguém’?
- Qual o fundamento das polarizações atuais? Seria possível resolvê-las? A partir de que iniciativas?

Grupo 3) A política em tempos de pós-verdade e de polarizações acirradas.
                      - O que significa o conceito de pós-verdade? Quais as consequências dele para a política hoje?
                      - Que papel tem a imprensa numa sociedade livre, num estado democrático?
                      - Por que a mentira, em especial, tem o poder de corroer a democracia?

Grupo 4) O controle do poder e a busca da transparência
                      - Estabelecer, de forma clara, como a noção de poder se relaciona com a política.
                      - Quiz: de que figuras de poder nós nos lembramos espontaneamente? Por quê?
                      - Relembrar por que a representação do poder na democracia dever ser um lugar vazio.
                      - O que representa a operação Lava Jato no processo de enfrentamento de uma cultura da corrupção no Brasil? Como o brasileiro tem visto isso?

Grupo 5) A atuação permanente contra o populismo e o autoritarismo
                      - Trazer para a apresentação discursos e propostas de candidatos aos mais diversos cargos públicos, mostrando onde,  nestas propostas, é possível identificar traços de populismo e/ou de autoritarismo.
                      - Ler a respeito do crescimento da direita nacionalista na Alemanha. O que significa isso, justamente no país que gerou o nazismo? Por que alguns grupos de pessoas voltam a buscar esse recurso novamente?
                      - Explique por que é preciso atenção redobrada contra o populismo e o autoritarismo?

Grupo 6) As instituições: Por medida de contenção de tempo, vamos pegar três instituições para refletir a respeito: família, escola e poder legislativo. Qual o papel destas instituições hoje? Quais os maiores desafios que elas têm pela frente?
                 - Por que temos um protagonismo tão pífio do poder legislativo municipal, estadual e federal? Em comparação com outros países, como é a sua produtividade?
               - Pesquisar e ouvir pessoas a respeito de se é necessário, a nível federal, termos duas câmaras legislativas, a dos deputados e o Senado. Comparar com outros países, onde o sistema não é bicameral. 
                      - O que são as chamadas candidaturas avulsas? Isso traria esperanças reais para a política brasileira?

Grupo 7) O estado de direito e a politização dos indivíduos
                      - Por que é  importante conhecermos melhor nossas leis?
- Hoje, o cumprimento dos deveres é proclamado tanto quanto a defesa dos direitos? Por quê?
- A lei para todos ou a lei apenas para os subalternos?
- O problema do ‘jeitinho’ e as consequências da cultura da malandragem
- Em que sentido a politização dos indivíduos pode ajudar a resolver problemas como violência, baixa qualidade do voto, educação e dificuldade de mobilidade social?