quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Oficina: Um mapa conceitual para entender o debate político atual




Ao fundo de “Alegria Alegria” (Caetano Veloso) as pessoas vão se acomodando.

1ª parte: O que está acontecendo? - Constatando as polarizações

Vamos tomar 3 exemplos de polarizações recentes que dividiram opiniões:

a)      o impeachment da presidente Dilma;
b)     a discussão sobre o Escola sem partido;
c)      a rixa com a arte na exposição do queermuseu, em Porto Alegre e no MAM, em SP.


2ª parte: Qual a origem dessas polarizações? 

- A “Abertura política e a Lei da anistia(entra a frase: “transição lenta, gradual e segura”)
- O que a comissão da verdade trouxe à tona em 2014 (entra a expressão: “Ditadura militar”)
- A pobreza no Brasil e os índices educacionais cuja melhora é lenta e pouco expressiva. (entra a frase: “baixos índices escolares”)

À procura de nossa identidade, algumas referências: a) Macunaíma e a dificuldade de construirmos nossa própria cultura, o que nos leva a copiar de fora e a compor uma ideia sempre fantasiosa sobre nós mesmos (entra a frase: “Ai que preguiça”); b) Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (entra a frase: “O brasileiro é cordial”); Gilberto Freyre e o mito da democracia racial.

Embora estejam inflamando nos últimos anos, as polarizações que vemos são fruto de questões antigas mal resolvidas no Brasil. Ajuda a compor o caldo a diferença entre a leitura do país que temos para o país que queremos, ou seja, embates entre visões mais reacionárias e mais progressistas sobre nossa democracia e as dúvidas sobre nossa própria identidade. Adicione-se aí os problemas e diferenças sociais, culturais e regionais de um país de dimensões continentais, onde o desenvolvimento, em muitos lugares, nunca chegou. (entra a frase: “Que tipo de nação somos? Para onde vamos”)
Soltar a música Que país é esse.


3ª parte: O que alimenta as polarizações hoje? Como a coisa chegou aonde chegou?

Entre o primeiro e o segundo mandato de Dilma, houve um ponto de inflexão. A baixa popularidade da mandatária, os índices da economia dando sinais negativos, o pouco tato de Dilma para articulações políticas e os escândalos em torno da Petrobrás culminaram com o processo de impeachment. Toda a sociedade se envolveu e opinava sobre o assunto.
(entra a palavra: IMPEACHMENT)
 (Pedir aos alunos que comentem episódios vistos e ouvidos em casa ou no trabalho)

Os debates em torno do impeachment, além de mirar a figura de Dilma, trouxeram consigo uma miríade de questionamentos em torno do legado do PT, há então 12 anos na presidência. Os pontos que ganharam maior destaque foram a incompetência do partido e a pecha de terem institucionalizado a corrupção no país. (entra a palavra: CORRUPÇÃO) 

Com o avanço da operação Lava Jato, políticos e empresários graúdos foram presos, num momento único em que o país começou a ver colarinhos-brancos indo pra cadeia. (entra a expressão: OPERAÇÃO LAVA JATO). Uma espiral de embates se sucedeu, na maioria das vezes oscilando entre duas frentes: uma anti-PT e outra que reivindicava que o pacto democrático havia sido quebrado no Brasil. A operação Lava Jato mostrou que os partidos de maior representatividade no país estão envolvidos em corrupção. (entra a expressão: CRISE DOS PARTIDOS POLÍTICOS).

Estava pronto o caldo que alimentou as polarizações, os embates e mesmo o ódio entre diferentes grupos. MBL, Vem pra Rua, Escola sem partido, panelaços, ocupações estudantis, as “10 medidas contra a corrupção”, o avanço do fenômeno Bolsonaro, especulações sobre a prisão de Lula, as reformas do governo Temer, e a queda de braço entre os Poderes. Já entre os grandes eventos da Copa (2014) e das olimpíadas (2016), o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, entra numa crise profunda. (entra a expressão: OS ESTADOS BRASILEIROS QUEBRADOS FINANCEIRAMENTE).
(Quiz: Por que o Rio de Janeiro é o símbolo do Brasil neste momento?)
soltar Brasil (Gal Costa)


4ª parte: o presente: brasileiros divididos.

Vamos relembrar o episódio do jantar do prof. Karnal com o juiz Sérgio Moro. O que a foto divulgada pelo professor causou? O que representa aquele episódio? Foi um exemplo de divisão entre pessoas que se identificam com figuras públicas e com visões ideológicas, seja de direita, seja de esquerda. (entram as duas palavras: ESQUERDA X DIREITA)

Sabe-se que na cultura, no mundo acadêmico e no cinema, o PT sempre teve grande penetração. Por isso não demorou aparecer a associação entre arte e o pensamento de esquerda. A desconfiança ou mesmo o nojo que algumas pessoas têm por um foi rapidamente transferido para o outro. Isso explica a cruzada contra a arte e a própria campanha do Escola sem partido. A polarização esquerda x direita radicalizou-se. Argumentos perdem espaço para conclusões apressadas e incoerentes. Pior que isso, um perigoso ódio pela política dá sinais de vida. (entra a frase: ódio pela política)

Entre a incerteza e a desilusão. O sonho da grande potência (ventilado nos governos Lula) agora parece vencido pela incompetência política e pela corrupção. Nossos fantasmas reaparecem: o país onde a educação não vai pra frente, onde o desenvolvimento não chega, onde o atraso cultural potencializa a intolerância, vê de novo as pessoas simpatizarem com o autoritarismo. É como se não fôssemos aptos para a democracia, como se a borrachada fosse a nossa linguagem mais natural, nossa sina. (entra a palavra: autoritarismo)

Uma das bases da política moderna, que já completou 500 anos, preconiza ver o conflito não como empecilho mas como parte integrante do processo. Em vez de uma paz silenciosa, autoritária, forçada pelo medo ou pela hierarquia, é muito melhor para nós aprendermos conviver com a diferença de ideias e a partir delas criar novas alternativas, novos rumos para a sociedade. Embora o equilíbrio seja tenso, o que torna a democracia vibrante é precisamente o confronto de ideias e a busca pelo consenso. (entra a frase em vermelho: O embate de ideias é saudável)

O confronto nós estamos presenciando. Com a popularização da internet, sobretudo, cada pessoa sente que pode opinar, criticar, reivindicar. Porém, é preciso dar um passo adiante e exercitarmos a capacidade de buscar consensos. É o exercício completo da democracia que nos falta. A educação para o ouvir, para o considerar a posição alheia. Portanto, não é o momento de recuarmos e desistirmos. (entra a frase em vermelho: educar para a democracia)

O momento em que estamos é delicado. Nosso passado de autoritarismos e de projetos políticos frustrados nos servem como uma advertência. Insistir na repetição de fórmulas que não deram certo não trará o progresso que queremos nem a sociedade com a qual sonhamos. É preciso encarar o desafio de dialogar para construir novos caminhos. (entra a frase em vermelho: vencer o passado, reinventar o futuro)

Terminar com a música Perfeição, de Renato Russo