1. O documentário
e o propósito O documentário está
assentado no cotidiano e nos costumes dos Kuikuro, tribo indígena situada no
Alto Xingu. A sua exibição, na UEL, coincide com o Dia do Índio e serve à
proposta de trabalharmos alguns desafios contemporâneos no currículo do Ensino
Médio.
2. O núcleo do
enredo A trama conta a história de
um homem que, temendo a morte da esposa idosa, pede que seu sobrinho realize o
Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu para que ela possa cantar
uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única
cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.
3. Superstições
e mitologia Na visão de alguns
membros da tribo, a cantora doente estaria enfeitiçada, por isso não podia
cantar. No documentário também aparecem lendas de homem virando bicho e explicações
mitológicas para a constituição do nosso corpo e de nossas partes íntimas.
4. Canto e
festividades O papel insubstituível
da cantora doente associa-se à importância do canto e das celebrações para a
tribo. A vida das pessoas gira em torno da comunidade. Tudo é coletivo. As
celebrações são momentos centrais da vida da comunidade e nelas as mulheres desempenham
um papel de protagonistas. Por isso a organização em torno dos ensaios e
preparativos ocupa parte importante dos registros. Interessante notar como nos
rituais todo mundo participa, ou seja, ninguém fica apenas olhando. Além da
dança, compõe as festividades a luta entre mulheres.
5. Empoderamento feminino As mulheres não ocupam um papel determinante
apenas durantes as festas. O documentário mostra uma liberdade e um
empoderamento feminino, à medida que elas coordenam determinadas atividades, tomam
decisões, escolhem o tipo de sexo que preferem, ensinam as filhas a cantar e sentem-se
à vontade para expor, sem constrangimento, suas preferências mais íntimas.
6. Nudez e erotização Um dos pontos que mais contrasta com a nossa cultura é a nudez e a vida
dos indivíduos em contato com a natureza. Palavras como encobrimento e disfarce
perdem força quando todos colocam à mostra o seu corpo e o que ele apresenta de
perfeito e imperfeito. A erotização cai por terra. A nudez constante parece
impedir a construção de todo um imaginário que só seria possível com os
disfarces da indumentária. Daí por que as mulheres, quando falam de sexo, o
fazerem com uma desinibição quase infantil, sem a constrangedora erotização
presente em nossa cultura.