terça-feira, 24 de abril de 2018

Apontamentos sobre o documentário “As Hiper Mulheres”


1. O documentário e o propósito  O documentário está assentado no cotidiano e nos costumes dos Kuikuro, tribo indígena situada no Alto Xingu. A sua exibição, na UEL, coincide com o Dia do Índio e serve à proposta de trabalharmos alguns desafios contemporâneos no currículo do Ensino Médio.

2. O núcleo do enredo  A trama conta a história de um homem que, temendo a morte da esposa idosa, pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.

3. Superstições e mitologia  Na visão de alguns membros da tribo, a cantora doente estaria enfeitiçada, por isso não podia cantar. No documentário também aparecem lendas de homem virando bicho e explicações mitológicas para a constituição do nosso corpo e de nossas partes íntimas.
  
4. Canto e festividades  O papel insubstituível da cantora doente associa-se à importância do canto e das celebrações para a tribo. A vida das pessoas gira em torno da comunidade. Tudo é coletivo. As celebrações são momentos centrais da vida da comunidade e nelas as mulheres desempenham um papel de protagonistas. Por isso a organização em torno dos ensaios e preparativos ocupa parte importante dos registros. Interessante notar como nos rituais todo mundo participa, ou seja, ninguém fica apenas olhando. Além da dança, compõe as festividades a luta entre mulheres.

5. Empoderamento feminino  As mulheres não ocupam um papel determinante apenas durantes as festas. O documentário mostra uma liberdade e um empoderamento feminino, à medida que elas coordenam determinadas atividades, tomam decisões, escolhem o tipo de sexo que preferem, ensinam as filhas a cantar e sentem-se à vontade para expor, sem constrangimento, suas preferências mais íntimas.

6. Nudez e erotização   Um dos pontos que mais contrasta com a nossa cultura é a nudez e a vida dos indivíduos em contato com a natureza. Palavras como encobrimento e disfarce perdem força quando todos colocam à mostra o seu corpo e o que ele apresenta de perfeito e imperfeito. A erotização cai por terra. A nudez constante parece impedir a construção de todo um imaginário que só seria possível com os disfarces da indumentária. Daí por que as mulheres, quando falam de sexo, o fazerem com uma desinibição quase infantil, sem a constrangedora erotização presente em nossa cultura.