Esta pesquisa tem o objetivo de ajudá-lo a familiarizar-se com um
vocabulário básico de política. Há conceitos elementares sobre leis, a estrutura
dos três poderes etc. Mas há também alguns itens sobre conceitos, fatos e acontecimentos
da política mais recente. Compreende-se que uma bagagem mínima sobre política será
útil tanto para as nossas discussões em sala como para a vida prática.
Como a atividade deve ser confeccionada?
INTEIRAMENTE À MÃO, NO CADERNO. Não serão aceitos
trabalhos digitados. Além de responder
às perguntas, é preciso copiá-las, infelizmente! E por um motivo simples: não
são apenas as respostas que importam.
Você pode copiar apenas a parte principal das
questões (em negrito). Porém lembre-se da importância de preparar uma resposta
para todo o enunciado.
Use letra legível e faça devagar o trabalho,
procurando prestar atenção ao que está escrevendo. Evite a caligrafia rápida,
aquela que você nem observa o que escreve e acaba incidindo em erros.
1) Quem são os três poderes de nossa
república? Segundo a Constituição, como deve ser a relação
entre eles?
2) Responda
nesta ordem: quem ocupa o poder
legislativo na cidade, no estado e em nosso país?
3) Ainda na mesma ordem: quem
ocupa o poder executivo na cidade, no estado e em nosso país?
4) Quais são astrês
instâncias do Poder Judiciário?
5)O que é o Supremo Tribunal Federal? Qual a sua composição? O que ele julga?
6) No Congresso Nacional, qual é a diferença de representatividade no
senado e na Câmara, ou seja, quantos representantes, por estado, ocupam
cada uma das casas? E quanto tempo dura
o mandato de senador e de deputado federal?
7) O
que é o princípio da impessoalidade? Por que ele é importante?
8) O
que é um Projeto de Lei? Quem pode propô-lo? Como ele tramita no Congresso
Nacional?
9) O que é uma Emenda
Constitucional? Quais os critérios e exigências para ela ser
votada? Que tipo de conteúdo recai nesse âmbito?
10) O que é um Partido Político? Qual a sua
função?
11) O que é o quociente eleitoral? Nas
eleições para vereador e deputado nós votamos por partido ou no candidato? Por que é importante saber disso?
12) O que é a
proposta do voto distrital misto? Que benefícios ela traria?
13) Qual a função da imprensa numa
sociedade democrática? Quais os pilares dela?
14) O que é o conceito de opinião pública? De que se
reveste? Qual a sua importância?
15) Escolha dois dilemas da democracia
brasileira. E explique por que os dois dilemas escolhidos por você são
dignos de destaque.
Dilema é uma
palavra que evoca duas perspectivas que levam pra caminhos diferentes, às vezes
opostos. Portanto, para o nosso objetivo aqui, dilema evoca realidades que
expressam prós e contras, ganhos e prejuízos. É um dilema porque ao destacar um
aspecto (positivo, importante), não temos como negar ou esquecer o outro lado
(negativo, deficitário).
Gostaria de apresentar, abaixo, um texto que há um ano eu escrevi e partilhei com os colegas professores.
Há coisas que nos marcam, mas há pessoas que quando passam por nós deixam um marca indelével.
A experiência de viver e descobrir é uma aventura singular.
E algumas oportunidades são raras.
Quando uma interrupção cruel e abrupta acontece, o silêncio nos engalfinha.
Na falta de palavras, o que resta é a saudade.
Muito obrigado, Isa! Muito obrigado, 2ºD - 2019!
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Estou surpreso! 🙆🏻♂
Há um tempo no magistério, a gente vai naturalizando e se acostumando com algumas coisas, acha que já viu tudo. Eu que, como tantos, já não entro na sala esperando muito... Piloto automático. Prazos. Rotina. Não presto atenção no detalhe. É a correria!
Fui desperto. Deixa eu contar essa história.
Não foi um dia como outro. Era pra ser diferente. Sabe quando você tem a oportunidade de presenciar algo único? Um alinhamento de estrelas.
Foi assim. Com dia, hora e lugar determinado. Quis o destino reunir na sala do segundo D alguns alunos ímpares.
Um seminário sobre o conceito de eudaimonia. Escolhas pessoais, apego, convenções sociais, autoconhecimento, amizade, vida simples, prazer... Sabe o que é ver seus alunos se apropriarem dos conceitos e alçarem voo por conta própria? Passeavam pelos autores, articulavam conceitos, falavam de temas caros a nossa vida.
Nunca tinha visto aquilo. Não daquele jeito.
O zelo na preparação. O cuidado e o empenho. O friozinho na barriga. E aos poucos foram se desdobrando na minha frente aquelas apresentações tão esmerosas... Aquilo era uma sinfonia suave e tocante. Ganhava contornos próprios um seminário consistente, aberto a inúmeras possibilidades.
Foi uma surpresa! Um tapa na cara! 🙉 Acho que não estava preparado para ver aquilo. Talvez não acreditasse ser mais possível. Alunos de escola pública... Gente tão simples... enfim, aquelas coisas que repetimos todos os dias.
Mas aquilo continha uma verdade. E eu estava ali. Confuso. Deslumbrado. Nem tive tempo de raciocinar. Apenas senti.
Me senti como a ave que vê o filhote voar por conta própria no primeiro teste... sem medo e sem auxílio. Eu era o jardineiro que fazendo a adubação costumeira, se surpreende com a chegada da súbita e abundante florada.
Ver o pulsar daquelas vidas, o desabrochar daqueles talentos, a coragem e a delicadeza juntos, os olhinhos cheios de esperança, o desejo de acertar e de ser feliz... Toda aquela energia, tudo convergido e misturado aos temas e aos exemplos que partilhávamos... Chegou um momento em que tive um engasgo e fiquei sem saber o que falar. 😟
Sério: o que você daria para ver seus alunos, durante uma aula, mostrarem do que realmente são capazes? Veja: o mérito não é meu. Dispenso elogios. Nós, professores, somos instrumentos.
Em momentos epifânicos como esses nós temos uma oportunidade única de vislumbrar a real dimensão do nosso trabalho. E, de verdade, sentimos medo... porque a responsabilidade pelas vidas que passam por nós é muito grande.
Em compensação, sobe um sentimento de gratidão, uma profunda alegria. Você tem a certeza de que vale a pena, de que está no lugar certo. Tua vida adquire um sentido, um significado.
Sempre nos perguntam o que a gente quer como professor. Eu não tenho resposta pronta, mas hoje posso dizer que fui recompensado muito além das minhas expectativas.
Um dia, ao lado de alguns desses alunos que eu não conhecia, alguém me disse: “Olha, estou te entregando algo... algo especial... pra você cuidar! Na hora eu não entendi. Essa pessoa – que sabe bem o que é ter, o que é investir e o que é perder – prenunciou. Eu fiz o que pude. O resultado veio. E foi arrebatador!
Hoje eu partilho com vocês essa experiência a fim de inspirá-los. Oxalá essa e outras experiências positivas que vocês conhecem e que poderiam ser socializadas nos sirvam como uma lufada de ar em meio à atmosfera carregada que vivemos. Estamos precisando disso!
Tudo bem: a gente sabe da importância de falarmos do futuro, da política, do coletivo, das questões macro... Mas e o agora? E a vida e as potencialidades que todos os dias estão ali pertinho de nós, cujo significado transcende uma ideologia ou um ciclo de tempo?
Simplificamos. Dizemos que está tudo interligado ou que é tudo a mesma coisa. Será? Não se trata de um desafio à nossa hipermetropia?
Porque, preocupados com “as grandes questões”, somos excessivamente atraídos para o que está acontecendo lá longe. A longo prazo, isso nos desencoraja e enfraquece. A impressão é que nosso “trabalho de formiguinha” tem um resultado quase nulo.
Tudo bem! Para alguns pode ser pouco olhar para dentro, para mais perto! Mas é o sagrado no cotidiano! É onde a gente pode fazer a diferença. É ali que coisas como a gratificação podem brotar. É onde você pode alcançar aquela pitada de significado que tantas vezes, consciente ou inconscientemente, busca.
Pode ser, não? Que tal?
Uma lufada de ar... Uma surpresa gratificante... Uma bem-vinda pontinha de significado...
Temas clássicos da filosofia podem ser ilustrados pela
música? Certamente!
Estamos discutindo ética, debatendo as ações humanas e o que
chamamos de valores. Já fizemos a contraposição entre autonomia e heteronomia. Já
vimos que o poder que tem a razão sobre a nossa vontade por vezes é vulnerável.
Se os valores mudam conforme a época e o contexto, também é verdade que temos
uma consciência moral que não pode ignorar a pessoa do outro ou simplesmente esquecer
a responsabilidade dos próprios atos. Em resumo, falar de ética envolve um conjunto
de elementos intrincados, em meio aos quais questões sobre a decisão individual
se intercalam com problemas sociológicos.
Nessa aula, vamos falar de ética a partir do que nos sugerem
algumas músicas, observando letras, comparando intérpretes e, claro, comentando
conceitos que estudamos.
Comecemos de leve, ouvindo “Vítimas da sociedade”, de
Bezerra da Silva:
O samba do carioca Bezerra da Silva é imagético. Quem não o
conhece? Ao ouvi-lo, “entramos no morro”, ou seja, “vemos” a desigualdade, topamos
com as mazelas da favela. Ele faz uma crônica da violência policial e explora a
questão do tráfico, do consumo de drogas e, particularmente, a ambiguidade da ética
da malandragem. Interessante, não? A riqueza de sua música está numa expressão bem
autêntica (carregada, por exemplo, de gírias peculiares e acentuações) que entrega
para o ouvinte uma realidade concreta, sem moralismos.
Além do samba, outros estilos também oferecem intérpretes
cujas canções são ricas em conteúdo. No Rock, teríamos uma lista grande de
intérpretes. Veem-me à mente um Raul Seixas, um Cazuza e uma banda como Legião
Urbana. Pense nos conflitos internos que vivemos para compreender e nos adequar
às regras da sociedade, para sobreviver em meio à coletividade com um propósito
que nos dê sentido à vida. O que dizer de Santo Cristo, o personagem emblemático
de “Faroeste Caboclo”, de Legião Urbana, que encarna essa luta interior numa
saga por justiça ao seu próprio modo? A música que ensejou filme homônimo expõe
as diferentes facetas de uma pessoa, com uma trajetória, com seus conflitos
pessoais. Se suas escolhas foram as mais razoáveis, isso dá uma boa discussão.
Na sua opinião, depois dos anos 2000, por exemplo, que
artistas ou bandas mereceriam ser adicionadas à uma playlist indispensável de
Rock? Uma playlist que leve em conta música e letra? Os comentários estão
abertos. Se quiser, pode opinar.
Se voltarmos o nosso olhar (ou nossos ouvidos) para a MPB,
temos nomes iconográficos como os de Chico Buarque e Caetano Veloso, mas temos
desconhecidos como O Teatro Mágico e também Tom Zé. Já ouviram alguma coisa desses
dois últimos? Aposto que não!
É curioso que artistas como Tom Zé, por exemplo, obtenham reconhecimento no exterior mas aqui no Brasil sejam completos
desconhecidos. Talvez falte a professores, como eu, divulgar e tocar mais esse
tipo de música –tô fazendo aqui mea culpa!
No hiperlink acima, Jon Pareles
faz um review do show to Tom Zé prá lá de elogioso ao The New York Times, mencionando,
num dos trechos que... no Brasil, Zé, 80 anos, é conhecido como pioneiro,
funileiro, brincalhão, pensador profundo e inseto. Ele fazia parte da confiança
cerebral original de Tropicália, o movimento que trouxe um modernismo
psicodélico ao pop brasileiro na década de 1960.
Funileiro, pensador profundo e inseto? Puxa!
Bem, ouça essa canção de Tom Zé e tire suas conclusões por que ele não é
tão palatável ao gosto popular:
Com o intuito de dar foco e consistência ao nosso objetivo
de discutir ética a partir de algumas músicas, talvez fosse importante nos
voltar a temas que ocupam o imaginário e o cotidiano das nossas juventudes. Quem
são os jovens que frequentam o nosso colégio? Onde moram? Que perfis
socioeconômicos têm?
Sabemos que em sua maioria, são jovens de periferia, que vivem
sob o imperativo da sobrevivência, ou seja, não têm a vida ganha e se quiserem
alcançar o mínimo de mobilidade social, vão precisar estudar e ralar bastante. Eles
vivenciam uma realidade com muitos desafios, em alguns casos, até vulnerabilidade.
Em conversas básicas, ganham proeminência questões como amadurecimento,
pobreza, autoestima, violência, família, drogas, machismo, trabalho. Olhando
esse rol de temas, é difícil não reconhecer o leque de possibilidades que um
estilo como o RAP ofereceria para discutir tais coisas.
O que é o rap? O rap é a rua... com o que ela carrega de
melhor e de pior!
Não se enquadraria no estilo de “música pra todos”,
“confortável”, politicamente correta. Os não familiarizados vão se lembrar das
rimas, é óbvio, mas vão associar ao estilo as batidas secas, as letras
agressivas, um pendor para explorar a violência, a vingança, a desigualdade, enfim
temas nem sempre condescendentes. Grupos como Facção Central, por exemplo, catalisam
uma revolta que inverte a lógica da ética, uma crueza que incomoda, que assusta
e que nos lança para “o outro lado”. É a voz do ladrão, do excluído invisível,
do detento, é o repúdio lançado pelos quem estão fora dos paradigmas de
aceitabilidade da sociedade, sem chance, sem projeto, sem futuro. Não é
simplesmente denúncia, é uma música de resistência. Algo contrastante, árduo, desafiador.
É importante ressaltar, porém, que assim como outros estilos,
o rap tem marcas e temperos que diferem bastante, conforme o intérprete. Poderíamos citar a música de um Criolo, por exemplo. Ainda no propósito de diversificar, uma
rápida panorâmica em torno das canções de um Emicida nos leva
para outros caminhos. Trata-se de uma música eclética e complexa, que funde o
rap com o samba, o funk, o hip hop e mesmo o rock. Tem a rima pesada, mas tem coisa mais leve. Os próprios temas não são
restritos. Há riqueza de sampleamento. Encontramos ali crítica social,
política, mas também resíduos de subjetividade, de elementos bem cotidianos, nos
quais a vida brota às vezes singela, porém encantadora. É algo realmente
peculiar!
O rap abre um leque enorme para a discussão de temas
sociológicos, mas é possível também encontrar canções que nos levam a pensar a
vida, as escolhas de pessoas comuns, que tomam determinadas atitudes frente ao
que têm diante de si, sua origem e suas condições, suas necessidades mais básicas.
Problematizar os desafios e a realidade de nossos jovens a partir do rap é, sem
dúvida, uma alternativa bem-vinda.
Você já ouvia rap? Que grupos conhece? Alguma canção em
especial?
ATIVIDADE: Eu gostaria de concluir este post lançando uma
questão pra você. Se você não escuta rap, escolha outro estilo musical e uma
canção da sua preferência. Apresente-me uma música que fala nessa perspectiva
de retratar o dia a dia, problematizando os valores que nos circundam e as escolhas
que fazemos. Após dizer o nome da canção e do(s) intérprete(s), selecione
um trecho dela que oferece uma relação clara com o que estamos tratando aqui e
faça suas considerações. Isso pronto, volte ao classroom e poste sua resposta no formulário lá disponível.