Minhas boas-vindas aos alunos que a partir de agora terão aulas de filosofia
comigo.
Para iniciar nossa pequena jornada, eu gostaria de conversar sobre hábitos pedagógicos.
Sabe o que é isso? Já leu ou ouviu falar a respeito?
Sabe o que é isso? Já leu ou ouviu falar a respeito?
Muitos,
mas muitos alunos me procuram perguntando coisas que, apesar de diferentes,
resultam no mesmo assunto. Como o tema é importantíssimo e aparece
recorrentemente, confeccionei esse post para reunir algumas sugestões que eu acredito
poderão ajudá-lo a aprimorar-se nos estudos.
Por
favor, leia a postagem até o fim, ok!
O que são hábitos
pedagógicos?
São
um conjunto de ações que, praticadas constantemente, tornam-se um hábito, algo
que em longo prazo trará ganhos substanciais ao seu aprendizado.
Vamos
começar falando da leitura.
Se
você não tem hábito de ler ou lê só besteiras da internet, a aquisição de um
hábito pedagógico é indispensável pra você:
-
Comece com 15 ou 20 minutos diários, ok?
-
Empreste revistas ou livros cuja temática seja do seu gosto.
-
Arranje um lugar confortável e reserve um horário do dia que em você sabe que
poderá ler sem ser interrompido.
O
objetivo é adquirir o hábito de parar tudo e se concentrar na leitura.
Não
se esqueça: parar tudo. Focar no assunto. Entrar na atmosfera da história.
Depois
de poucas semanas, vá avançando para 30 e, depois, para 45 minutos.
1
a 3 horas de leitura por dia poderá ser necessário de acordo com seus objetivos
futuros.
Você
terá criado o hábito quando a leitura se tornar algo diário, quando não
precisar mais pensar para fazer, nem a leitura for um incômodo.
Não
é de hoje que se diz que em
cerca de dois meses é possível fincar um hábito.
Por que precisamos de
hábitos pedagógicos?
-
Porque a leitura, assim como a corrida, por exemplo, não são, no início,
atividades entusiasmantes. Vai um tempo até que nos acostumemos, até que
comecemos a desfrutar do prazer e dos benefícios que elas nos oferecem;
-
Porque não são todas as pessoas que têm aquela personalidade tenaz, que abraça
objetivos difíceis, de longo prazo e não descansam até atingi-los. Além de um
objetivo, a maioria de nós precisa de estratégias e de rotina. Do contrário nos
perdemos ou nos cansamos;
-
Porque nossa vida está sujeita a altos e baixos. As oscilações cotidianas às vezes
nos deixam mais, às vezes menos motivados. Uma rotina sólida de leitura nos
ajuda a não desistir.
Um pouquinho... todos
os dias
Note
que a noção de hábitos pedagógicos não serve apenas para a leitura.
Todo
aprendizado evolui quando a gente começa devagar e vai avançando de forma
consistente.
O
segredo é um pouquinho todo dia. Não
importa o seu objetivo. Em quase tudo, é assim que funciona. Se sua meta é modelar
o corpo, aprender um idioma, ler mais, treinar um esporte, fazer academia ou
ampliar os estudos para passar no vestibular: é fazendo um pouco todo dia que
você vai ver seus esforços serem recompensados.
No
caso da leitura, não adianta forçar uma rotina que não é a sua, pegar livros
que são muito complexos ou que não são do seu interesse, tentar ler uma
quantidade de tempo a que você ainda não está acostumado... tudo isso só contribui
para fazê-lo desistir. É inútil exagerar na dose ou querer ‘tirar o atraso’. Lembre-se:
o segredo é um pouquinho todo dia. Não
importa o tempo que você desperdiçou até aqui. Se vai começar ou recomeçar,
faça-o aos poucos, e comprometa-se em ser consistente.
Tudo interligado
Ao
avançar na leitura, você amplia seu repertório de assuntos, enriquece seu
vocabulário, estabelece links entre diferentes temas, potencializa sua
curiosidade, expande seu conhecimento... porque todas essas coisas estão relacionadas.
Na verdade, a teia de coisas interconectadas é ainda mais abrangente. Você já
pensou nisso?
Vou
dar alguns exemplos. Veja como uma coisa puxa ou ajuda a outra:
-
O hábito de ler nos torna mais concentrados. Mas a concentração nos fortalece em
outras coisas, como a ponderação e a reflexão frente a decisões delicadas;
-
A bagagem que adquirimos com a leitura nos apura o olhar e nos torna mais
criteriosos. Coerentemente, esses ganhos nos auxiliam na escrita e na escolha
de nossos valores pessoais;
-
Ler é um convite a silenciar e a focar. Essas mesmas coisas, curiosamente, são
úteis para o ócio criativo, para enfrentarmos a solidão e para buscarmos o
autoconhecimento.
Portanto,
percebemos que o hábito de ler ou buscar mais conhecimento não é um fim em si
mesmo. Nós o buscamos para nos tornarmos aptos a interagir e responder aos
diferentes desafios que a vida nos oferece. A questão não é apenas TER mais
conhecimento, mas SER uma pessoa melhor, mais bem preparada. Ou seja, quando
você começa a se dedicar mais aos estudos, você se expande em outras
perspectivas e tem múltiplos ganhos.
Celular e pensamento
acelerado
Diante
do que eu expus, talvez você responda: "mas eu já leio... tenho um celular e
procuro me inteirar constantemente de notícias, atualidades etc."
Vou
lhe dizer umas palavras a respeito disso.
Você
já deve ter ouvido essa frase: “Isso é um celular! Isso é uma arma!”
Ela
é sensacional porque expõe a força e as possibilidades desse aparelho, mas
também o perigo que ele representa. Sim: perigo!
Você
entra na rede para fazer uma pesquisa de Geografia e em dois minutos você está
vendo vídeos do youtube que não tem nada a ver com o assunto. Você tá lendo um
texto ou vendo algo importante e é interrompido a todo instante por mensagens
que estão chegando. Você guarda o aparelho, tenta ficar sem ele, mas sente um
comichão: parece cada vez mais difícil vivermos desconectados.
A
questão é que pela estrutura do celular, que conjuga ações simultâneas, automatização
de respostas, linguagem hiperlinkada e uma conexão aberta e permanente, você
terá dificuldade em conciliá-lo com os objetivos de uma leitura profunda a qual, ao contrário dos elementos expostos acima, demanda silêncio, foco, imersão.
Outra
coisa: pessoas que não largam o celular estão sujeitas ao que chamamos de pensamento
acelerado. O ver muita coisa, e rapidamente, dificulta o cérebro guardar, registrar.
Além do contato superficial, persiste a sensação de que há muita coisa pra ver, mas não
há tempo suficiente.
Embora
saibamos que a
internet mudou a nossa forma de pensar, nosso cérebro não é multitarefa. Se
inventamos fazer 5 coisas ao mesmo tempo, cada vez que alternamos nossa atenção,
o cérebro precisa reajustar-se e recomeçar. É mais energia gasta. É serviço
feito com menos qualidade.
Não
nos iludamos! Questões relacionadas a detox
digital dominarão a pauta de nosso tempo. Seremos confrontados com impactos
cada vez mais negativos, em termos comportamentais, físicos e neurológicos, trazidos pelo
uso do celular e a vida conectada. Se você não acredita nisso ou reivindica que desconfiança em relação ao celular deve ter embasamento científico, assista o vídeo recente de Claudia Feitosa sobre isso:
Uma conclusão prévia é que se atualmente nossa rotina não nos permite prescindir do celular, que pelo
menos saibamos usá-lo com parcimônia, a fim de que ele não nos atrapalhe nem nos
roube um tempão!
Faltou uma última palavra, não? Sobre o quê? Ora, sobre as redes sociais!
Vou deixar um vídeo de Pedro Calabrez, profissional de neurociência, que bota o dedo na ferida e explica direitinho os desafios das redes para nós. Pedro repete muitas coisas, mas a insistência dele em frisar determinadas mensagens me parece que vale a pena.
Faltou uma última palavra, não? Sobre o quê? Ora, sobre as redes sociais!
Vou deixar um vídeo de Pedro Calabrez, profissional de neurociência, que bota o dedo na ferida e explica direitinho os desafios das redes para nós. Pedro repete muitas coisas, mas a insistência dele em frisar determinadas mensagens me parece que vale a pena.
Por
ora, é isso!
À medida que novos elementos forem surgindo em nossas conversas, eu vou atualizando essa postagem.
À medida que novos elementos forem surgindo em nossas conversas, eu vou atualizando essa postagem.