quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Recuperação da prova de Tópicos de política (2ºs anos)


Pela densidade, pela importância e pela complexidade, a prova objetiva de Tópicos de Política que acabamos de fazer recruta uma série de elementos. De fato, a prova foi um desafio 5 de 5, e não estava fácil. A partir da noção do que é democracia, ela explora conceitos, história, legislação, acontecimentos da política recente e, sobretudo, o compromisso de uma educação política que prepare os indivíduos para lidar com noções imprescindíveis como participação, controle do poder, divergência, laicidade e os chamados ‘bugs da democracia’. Basta abrir qualquer jornal hoje pra ver como são caros esses temas, e como, de cima para baixo, na nossa hierarquia de poder, eles são mal compreendidos.
A recuperação de uma prova assim não pode abrir mão da proposta. O desafio continua de pé. A recuperação não será mais fácil do que a primeira prova. Portanto, vamos estudar!

A recuperação será feita por meio de uma entrevista e ofertada de duas formas diferentes:

a)      No primeiro grupo, de pessoas com nota entre 4 e 15, a recuperação consistirá em adicionar nota ao que já se tem. Você responde de uma a três questões mais simples, disputando de 5 a 16 pontos. Optará por essa alternativa o aluno que não quer fazer a prova de novo, mas simplesmente atingir a média. O encaminhamento então é o seguinte: ele traz para a entrevista a prova objetiva que fez. Ali, então, eu vou checá-la e fazer perguntas em cima das questões que o aluno não foi bem.

b)     Num segundo grupo, independente da nota que o aluno tirou, ele vem pra entrevista disputando os 30 pontos. Aqui é uma recuperação total, e não parcial. A pessoa será avaliada com perguntas mais complexas, envolvendo todo o conteúdo + o texto do prof. Leandro Karnal, impresso e colocado no mural da sala.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O conceito de mímese (3ºs anos)


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Conceito que foi tema de importantes debates na Antiguidade, mímese apresenta contornos bem diferentes na concepção de arte de Platão e de Aristóteles. Para tratar desse assunto, eu reproduzo abaixo o verbete da Routledge Encyclopedia e faço alguns acréscimos. 

Mímese é um dos mais antigos e fundamentais conceitos de estética produzidos no Ocidente. Desde a antiguidade, o conceito foi difundido e ao longo da história reinterpretado por diferentes segmentos artísticos, como a literatura, a música e a pintura. A princípio, mímese significa imitação, representação, cópia de alguma coisa. Ele pode ter, ainda, a finalidade de recordar algo, de apresentar uma mensagem ou mesmo exprimir algum ensinamento. 

Na antiguidade grega temos uma cultura majoritariamente oral, basta lembrarmos as audições, os recitais de oradores e poetas, as performances dos sofistas ou ainda a representação feita por atores durante encenações das tragédias. Tudo isso compunha o substrato do conhecimento, e também da própria ética, ou seja, dos valores partilhados pelos gregos. Daí ser de grande interesse para um filósofo como Platão discutir a arte do seu tempo, chamando para si a tarefa de retratar e avaliar o papel de artistas como os poetas-rapsodos e os atores.

A relação entre mímese com figuras de autoridade do passado (pais, heróis e autores) era algo profundamente arraigado na cultura grega antiga. Trata-se da necessidade de relembrar as proezas, os grandes momentos e os eventos singulares que ocorreram na história, cujos personagens, feitos e ditos, também se tornaram inesquecíveis. Essa necessidade de trazer de volta à memória os eventos do passado dá ao conceito de mímese um significado mais próximo ao de reatualização. O ato de reatualizar, por meio da poesia, do teatro ou de qualquer outra forma literária, se impõe a nós por conta de dois fatores:

a) os eventos a que eles correspondem foram consagrados ao longo do tempo, possuem um valor especial, mais importante do que a nossa realidade cotidiana; por conta disso, nós nos sentimos impelidos a rememorá-los, para inclusive não cairmos na abstração e na irrelevância;
b) ao reatualizá-los, somos como que inspirados e iluminados pelo seu esplendor, o que nos permite escapar da banalidade cotidiana.

Mímese carrega uma ambivalência: dependendo das circunstâncias, o conceito pode significar a inferioridade da atualização comparada ao fato ocorrido ou a relativa superioridade que ela adquire por sua participação temporária no prestígio, na glória daquele fato.
Tornou-se um dos lugares-comuns mais imediatamente lembrados as críticas de Platão dirigidas aos artistas. Para ele, a preocupação da filosofia é a de alcançar a verdade. Mas, na República (livro II), por exemplo, nós vemos Sócrates advertindo que nós “não podemos levar a sério a poesia como algo capaz de alcançar a verdade”, e que “aquele que escuta a poesia tem de ficar alerta contra suas seduções”. 

Ou seja, para Platão, a busca da verdade não pode ser confundida com o prazer da arte retórica, o qual, na época seduzia multidões, mas sem critérios e interesses mais profundos. 

Por conta disso, na mesma linha, também o teatro será rechaçado. Neste caso, o problema está nos atores, que estão mais interessados em persuadir o auditório do que chegar à verdade. Ainda na República, Sócrates aparece desferindo uma crítica ferrenha a Homero, pai e maior de todos os poetas, afirmando que os ensinamentos deixados por ele são testemunhos inconvenientes à educação da juventude. 

O trabalho do poeta, assim como o do carpinteiro que confecciona a cama (exemplo dado por Sócrates no livro X da República) é um trabalho imitativo, uma cópia. E por ser cópia, não pode ser comparado à realidade.

São na verdade três os usos empregados por Platão na República:

a) No livro II, falando do conteúdo da poesia, aplica o termo, de forma geral, à relação de significado entre as palavras e as entidades a que elas se referem;
b) No livro III ele explora o fato de que, na tragédia grega, seres humanos comuns desempenham o papel de heróis lendários e deuses, a fim de criar a ficção. Aqui temos uma forma peculiar de mímesis como um termo técnico que abrange um gênero literário específico: o drama, no qual os artistas nunca falam em sua própria voz, ao contrário da narrativa e de outras formas;
c) No livro IV, ele estabelece a tripartição da alma e explica como níveis mais baixos da realidade imitam níveis mais altos. No livro X ele conclui que toda poesia e mesmo as formas não dramáticas são ilusoriamente miméticas, pois estão a três graus da realidade.
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Aristóteles mostra uma visão diferente de Platão. Nele não encontramos essa conotação negativa e mímese significa simplesmente representação, algo que indica que o mundo narrado em um poema, por exemplo, é muito semelhante a ele, embora não seja idêntico. Nesse sentido, a visão aristotélica se aproxima bastante do conceito moderno de ficção.

É na Poética que encontramos as críticas de Aristóteles ao tratamento dado por Platão ao conceito de mímese. Aristóteles estende o significado do conceito para além do gênero dramático, retirando-lhe qualquer pecha de inferioridade na comparação com uma realidade independente. 

Há uma crítica a Platão, no sentido de que se mímese envolve qualquer literatura imaginativa, então os próprios diálogos platônicos são miméticos, visto que descrevem não uma realidade que realmente acontece, mas o tipo de coisa que poderia acontecer.

A Poética de Aristóteles é uma teoria sobre a construção que o poeta faz (poiésis) de uma representação (mimesis) da ação (práxis) do personagem. Numa tragédia, por exemplo, não observamos o ator cometer aquelas ações horrendas, até porque isso seria desagradável, mas o vemos representar, imitar (mimesis) aquelas ações, e esse gesto nos proporciona um prazer reflexivo.

A mímesis impede a poiésis do poeta de construir uma praxis real, mas as possibilidades que ela descreve são reais, e não fictícias, daí vermos Aristóteles ressaltar o componente cognitivo dentro do prazer estético. Com Aristóteles, mímese não é mais uma arte enganadora, mas um universal antropológico que nos proporciona um prazer cognitivo, algo que somente nós humanos podemos fazer (os animais não imitam). 

Ao ver os fatos se desenrolarem e os personagens representarem, nós reconhecemos e até dizemos “este homem” ou “este caso” do passado é semelhante àquele caso (atual) que eu ouvi ou vi. Portanto o mundo retratado na poesia não é um mundo esvaziadamente fictício, mas uma versão razoável de nosso próprio mundo real. O poeta não nos mostra o que aconteceu lá trás ou o que está acontecendo, ele mostra o tipo de coisa que poderia ter acontecido, o que pode acontecer.


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Questionário de política (para os 2ºs anos)


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O que é?
Esta é uma pesquisa que o ajudará a familiarizar-se com um vocabulário básico de política.
Há conceitos elementares sobre leis, a estrutura dos três poderes etc. Mas há também alguns itens sobre conceitos, fatos e acontecimentos da política mais recente. Compreende-se que uma bagagem mínima sobre política será útil tanto para as nossas discussões em sala como para a vida prática.

Como a atividade deve ser confeccionada?
Inteiramente à mão, no caderno. Além de responder às perguntas, é preciso copiá-las, infelizmente! E por um motivo simples: não são apenas as respostas que importam.
Você pode copiar apenas a parte principal das questões (em negrito). Porém lembre-se da importância de preparar uma resposta para todo o enunciado.

Use letra legível e faça devagar o trabalho, procurando prestar atenção ao que está escrevendo. Evite a caligrafia rápida, aquela que você nem observa o que escreve e acaba incidindo em erros.

Da entrega da atividade.   
Muita atenção: com o objetivo de checar se o próprio aluno fez o trabalho e se ele prestou atenção ao que escreveu, uma ou outra pergunta poderá ser feita durante a vistagem das questões. O silêncio ou o “chute” por parte do aluno poderá implicar em desconto de nota.

As questões:

1)     Quem são os três poderes de nossa república? Segundo a Constituição, como deve ser a relação entre eles?

2)   Responda nesta ordem: quem ocupa o poder legislativo na cidade, no estado e em nosso país?

3) Ainda na mesma ordem: quem ocupa o poder executivo na cidade, no estado e em nosso país?

4)      Quais são as três instâncias do Poder Judiciário?

5)      No Congresso Nacional, qual é a diferença de representatividade no senado e na Câmara, ou seja, quantos representantes, por estado, ocupam cada uma das casas? E quanto tempo dura o mandato de senador e de deputado federal?

6)      O que é o princípio da impessoalidade? Como ele se relaciona com o tema “O lugar da democracia” na página 229 do Filosofando?

7)      O que é um Projeto de Lei? Quem pode propô-lo? Como ele tramita no Congresso Nacional?

8)      O que é uma Emenda Constitucional? Quais os critérios e exigências para ela ser votada? Que tipo de conteúdo recai nesse âmbito?

9)      O que é uma Constituinte? Ela tem poder de quê? Quando ela se faz necessária?

10)   O que é um Partido Político? Qual a sua função?

11)   O que é o quociente eleitoral? Nas eleições para vereador e deputado nós votamos por partido ou no candidato?

12)   O que é a proposta do voto distrital misto? Quais os benefícios que ela traria?

13)   O que é a recente Lei de abuso de autoridade que recebeu aprovação do Congresso, vetos por parte do presidente, e no final de setembro teve alguns vetos do presidente derrubados? Resuma brevemente os argumentos daqueles que a defendem e daqueles que a criticam.

14) Aponte duas contradições da democracia brasileira. (o item 7, a partir da página 230, auxilia nesse sentido).